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Este relatório em poucas palavras:
· há pouco espaço para uma apreciação muito significativa em nossa taxa de câmbio;
· o quadro político/eleitoral é um dos principais riscos para nossa taxa de câmbio;
· eventuais medidas populistas com gastos fiscais exagerados podem agravar ainda mais o cenário econômico.
E se?
Em meados do ano passado, publicamos um relatório com um jogo de hipóteses em que tentamos listar os possíveis caminhos para o futuro da nossa taxa de câmbio. Quando estudamos economia aprendemos que há muitas variáveis em jogo quando se trata de fazer uma projeção e que quase nunca o caminho é uma linha reta. Em períodos de crise, então, as incertezas e adversidades são tantas, que o trajeto fica ainda mais tortuoso. Quando se trata de estimar o futuro da taxa de câmbio, nem se fala! São várias intercorrências ao longo do caminho e a direção pode se alterar a todo e qualquer momento.
O que mudou do ano passado para hoje? O ponto de partida para a taxa de câmbio será o mesmo US$/R$5,30, que usamos há mais de um ano. Ou seja, um ano se passou... tivemos muita volatilidade no meio do percurso, mas a taxa de câmbio permaneceu praticamente nesse patamar. Dito isso, atualizamos nosso jogo de hipóteses (e se?...) em que a depender de qual caminho percorrer (ou do que acontecer), chegará a uma estimativa diferente para a taxa de câmbio para os próximos 6 a 12 meses. Vamos ver?
E se 1 - Partindo do patamar médio atual (US$/R$5,30), supomos uma trajetória da quase paz e tranquilidade, onde tudo vai dando certo. Primeiro, a pandemia já estará controlada com a total eficiência da vacinação em massa e de um possível tratamento, quem sabe! As novas variantes não preocupam, pois serão tratadas da mesma forma que as demais. O quadro político interno vai se normalizando com uma terceira via de peso e possibilidade real de ganho nas eleições em 2022, trazendo uma opção de voto, diminuindo o peso e o ranço da polarização que enfrentamos há anos. Haverá espaço para união entre os poderes, as reformas poderão ser amplamente discutidas e encaminhadas, abrindo espaço para uma trajetória efetiva de recuperação da nossa economia. Adicionalmente, o cenário externo segue sem grandes solavancos, inclusive em relação à política monetária dos EUA. Nesse ambiente, a taxa de câmbio vai retomando para algo entre US$/R$4,70-5,10. Um sonho?
E se 2 - Partindo do patamar médio atual (US$/R$5,30), supomos um caminho menos róseo como o anterior, mas ainda com esperança de não ser tão catastrófico. O cenário externo também segue sem grandes solavancos, inclusive em relação à política monetária dos EUA que deve retirar seus estímulos de forma gradual. A eficiência da vacinação é confirmada no Brasil e no mundo. Porém as eleições nos trarão mais incertezas diante do ambiente polarizado. Esse ambiente mais incerto impede a possibilidade de discussões de reformas estruturais; aqui vemos um Congresso congelado à esperados resultados das eleições de outubro. Isso compromete a recuperação econômica, diante da ausência de investimentos e confiança do empresariado, e a taxa de câmbio pode se depreciar um pouco mais - algo entre US$/R$ 5,30-5,70. Um tom mais realista para vocês.
E se 3 - Partindo do patamar médio atual (US$/R$5,30), a eficiência da vacinação é confirmada no Brasil e no mundo. Assim como nos cenários anteriores, sem grandes novidades do cenário internacional. Porém, aqui, o cenário interno é bastante agravado pela crise política e institucional e não há espaço para o surgimento de uma terceira via para as eleições de 2022. Assim, continuaríamos com um ambiente político difícil, com constantes quedas de braço entre Legislativo e Executivo, sem clima algum para a agenda de reformas. Além disso, o governo atual se vê ainda mais coagido, gerando aptidão para medidas populistas, com aumento de gastos públicos com intuito de angariar votos. A combinação desses fatores provocaria piora no cenário econômico com choque na confiança dos agentes diante do aumento dos gastos fiscais, inflação e juros num ambiente de baixo crescimento. Com isso, há uma pressão adicional na taxa de câmbio, que poderia ficar entre US$/R$ 6,00 – 6,30. Aff!
E se 4 - Partindo do patamar médio atual (US$/R$5,30), este seria o pior dos cenários. Teríamos todo o quadro interno ruim do cenário 3 somado à ineficiência da vacinação no mundo por conta das novas variantes ainda não detectadas. Além disso, um enfraquecimento externo gerando aversão a risco. Ou seja, nesse contexto estaríamos em um cenário de quase caos, e seria difícil, improvável, inimaginável acreditar que teríamos uma taxa de câmbio menor que US$/6,50. Mas vamos evitar falar disso...
Em qual acreditamos mais? Vai depender das variáveis...
Um resumo dos principais acontecimentos de cada dia que podem influenciar na taxa de câmbio, tudo isso em menos de 1 minuto.
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