Por
Michele Loureiro
Você sabe o que é spread? No mercado financeiro, o spread é o nome dado ao saldo entre o preço de compra e o de venda de um ativo. Porém o termo é usado em vários contextos-- especialmente no mercado financeiro e nos bancos -- e pode confundir.
Por isso, o Blog Ourinvest preparou um guia com as seis dúvidas mais comuns sobre o assunto para te ajudar a compreender o conceito que é utilizado para ajudar a determinar a rentabilidade de um investimento ou até mesmo o valor de um empréstimo. Confira a seguir:
Nos bancos, o spread é a diferença entre o menor dos preços de oferta e o maior dos preços de demanda de um bem ou ativo, anunciados pelos participantes em um mercado.
Nesse caso, o conceito de spread é utilizado de outra forma. As instituições financeiras concedem crédito por uma taxa de juros mais alta que a utilizada na captação de recursos, como quando emitem algum tipo de título no mercado.
A diferença entre essas taxas é o spread, que existe para que seja possível pagar os investidores e os custos da operação e ainda ter lucro.
Assim, se um banco paga 5% de juros ao ano a um investidor e empresta esse dinheiro a 25%, seu spread é de 20 pontos porcentuais.
O spread bancário influencia diretamente no crédito para pessoas físicas e jurídicas, porque a principal atividade das instituições financeiras é intermediar as operações de crédito e de financiamento.
Essa movimentação permite que as instituições bancárias tenham a remuneração lastreada na diferença entre o custo de captação e os juros cobrados dos clientes.
O spread bancário no Brasil é um dos maiores do mundo devido ao alto risco de crédito suportado pelas instituições bancárias, o que eleva o custo financeiro desses serviços. Por isso, as incertezas do mercado, que geram grande volatilidade das taxas de juros no País, colocam o spread bancário no Brasil nessa posição.
Partindo da premissa que o spread é um indicador que auxilia o investidor a verificar quais ações possuem maior liquidez na Bolsa de Valores, ele se torna um instrumento importante para definir as melhores oportunidades de ganhos.
Basicamente, quanto maior a liquidez de um ativo, menor será o spread entre o preço de compra (bid) e o preço de venda (ask). Nesse contexto, a liquidez se refere à facilidade de negociação de uma determinada ação.
Se o spread é baixo, é mais fácil para o investidor realizar a venda do papel. Já o spread mais alto indica maiores ganhos na operação, mas ela é mais difícil de se concretizar, o que significa baixa liquidez.
O fator que mais impacta o spread é a volatilidade, por isso é bem difícil prever o comportamento de um ativo. Ou seja, as oscilações de preço, que são uma constante em investimentos de renda variável.
Essa volatilidade pode fazer o valor de uma ação disparar ou despencar, por exemplo. Isso acontece quando há alguma notícia relevante relacionada à empresa detentora da ação ou no lançamento de um indicador importante.
Há cinco fatores principais que influenciam a composição do spread bancário:
● custo administrativo
● inadimplência
● compulsório
● impostos diretos
● margem líquida de lucro.
Esses fatores ajudam a explicar por que o Brasil é conhecido por ter um dos spreads bancários mais elevados do mundo. Um estudo do Banco Mundial trouxe um mapa:
● Madagascar: 45%
● Brasil: 39,6%
● Argentina: 6,9%
● Alemanha: 5,5%
● México: 3,4%
● Austrália: 3,2%
● África do Sul: 3,2%
● China: 2,8%
Isso significa que a taxa que os bancos brasileiros pagam a investidores fica muito abaixo daquela que cobram por seus empréstimos. Segundo dados do Banco Mundial, por aqui, apenas US$ 0,13 são recuperados de cada US$ 1 emprestado. Para efeito de comparação, a média mundial está em US$ 0,34 por US$ 1.
Essa baixa recuperação de crédito impacta diretamente nos custos administrativos dos bancos, que é um dos componentes do spread. Quase três quartos do spread bancário brasileiro são compostos por inadimplência (39,95%), na sequência aparece o lucro dos bancos (34,02%).
Com isso, o alto spread é uma das razões que torna o setor bancário um dos mais lucrativos do País. Quem é acionista de um banco está, de certa forma, recebendo parte do spread de volta na forma de dividendos.
Em suma, operadores de mercado financeiro dependem do spread para determinar seus passos na Bolsa de Valores e potencializar os ganhos no longo prazo.
Além disso, o spread também determina o custo do crédito em um país, algo fundamental na hora de direcionar investimentos.
Um resumo dos principais acontecimentos de cada dia que podem influenciar na taxa de câmbio, tudo isso em menos de 1 minuto.
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