Por
Michele Loureiro
Troca de comando de estatais, intervenção nos valores de insumos e combustíveis, protocolos para enfrentar a pandemia, criação ou ampliação de programas sociais e outras ações com teor político acertaram em cheio a economia do Brasil nos últimos anos. Afinal, qual o peso da política no desempenho econômico do país?
Para te ajudar a compreender esse cenário, o Ouribank ouviu especialistas e listou alguns momentos emblemáticos dos últimos dois governos que ajudam a ilustrar o peso da política na tomada de decisão econômica.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que a influência entre as esferas se deve pelo fato da instabilidade política gerar incertezas. Essas, por sua vez, tendem a guiar as decisões econômicas.
Em suma, um ambiente volátil, com uma crise institucional, não é atrativo para investidores e há uma saída de capital. Neste cenário, há uma debandada de dólares da economia local, o que acarreta em menos investimentos em frentes fundamentais, como infraestrutura.
Além disso, a taxa de câmbio também é impactada e afeta todo o comércio exterior. Com maiores preços de insumos, o consumidor tende a absorver os repasses e acaba ficando com menos poder de compra.
O resultado é o aumento da inadimplência, que se multiplica e deixa a qualidade de vida dos brasileiros na berlinda. Nessa toada, aumenta-se a necessidade de programas sociais, que afetam diretamente os gastos das contas públicas.
Relembre alguns momentos dos últimos governo sem que decisões políticas desencadearam mudanças importantes na economia do Brasil.
No dia 12 de maio de 2016, o Senado aprovou a abertura do processo de impeachment de Dilma Rouseff (PT). A sessão, que começou no dia anterior, durou mais de 20 horas e acertou em cheio na economia, com reações na Bolsa de Valores, por exemplo.
Assim como a presença política de Dilma causava tensão ao mercado, ao assumir o governo, Michel Temer, trouxe fôlego novo simplesmente pela expectativa de um novo rumo. Independente de suas decisões, a presença política no novo presidente foi bem vista e atraiu investidores para o Brasil, mesmo sem avanço nas reformas.
Conhecido por seu temperamento, o presidente Jair Bolsonaro causou rusgas políticas com autoridades internacionais durante seu mandato. O presidente já se desentendeu com Alemanha e Noruega pelos países terem congelado os repasses ao Fundo Amazônia, se envolveu em troca de farpas com o presidente da França e foi considerado um apoiador do governo russo, em meio a guerra com a Ucrânia. O posicionamento político em território internacional deixa investidores sempre em alerta.
O governo atual já realizou inúmeras trocas de comando em empresas fundamentais para a economia brasileira. A Petrobras, por exemplo, já vive seu quinto presidente desde 2019, quando Bolsonaro tomou posse. A cada troca há inúmeras especulações, movimentações no mercado de ações e uma crise de imagem para a empresa e para o país.
As falas polêmicas de Bolsonaro sobre as questões climáticas também podem acertar em cheio a economia. O mundo está imbuído de reduzir os efeitos negativos na natureza, enquanto o Brasil assiste a um aumento de queimadas e de desmatamento. Tal posicionamento inibe investidores movimentados pelas questões ESG e coloca o Brasil em uma posição pouco confortável na área, o que afasta aportes e gera mais uma crise de imagem.
Após 18 anos de operação, o Bolsa Família chegou ao fim, com o último pagamento feito pelo governo de Jair Bolsonaro no dia 31 de outubro de 2021. Para substituir o programa, o governo federal criou o Auxílio Brasil. A proposta é de que o programa amplie o número de beneficiários para 17 milhões até dezembro de 2022. Com isso, a estimativa é de que o orçamento para o programa social permanente salte de R$ 33,1 bilhões para R$ 84,7 bilhões. A decisão impacta diretamente o teto de gastos e a economia do país.
No mês de outubro, os brasileiros escolherão o presidente que vai comandar a nação pelos próximos quatro anos. Independente do nome eleito, a economia do país vem na esteira dessa decisão e pode ser fortemente impactada.
Para falar sobre o assunto, o Ouribank preparou um webinar com o tema ‘Corrida Eleitoral’. O evento online será realizado no dia 28 de julho, às 11h, e trará contribuições importantes sobre como a corrida eleitoral 2022 pode afetar o desempenho da economia brasileira.
O webinar será mediado pela economista-chefe do banco, Fernanda Consorte, e apresentado pelo consultor de comércio exterior Welber Barral. O webinar contará ainda com a participação especial do consultor político, Rogério Schmitt. Para se inscrever e participar acesse este link.
Um resumo dos principais acontecimentos de cada dia que podem influenciar na taxa de câmbio, tudo isso em menos de 1 minuto.
ouça agora