Por
Michele Loureiro
Ferro, soja, energia, café, créditos de carbono e dólar. O que esse grupo tem em comum? A resposta pode não ser óbvia, mas é simples: todos eles são tipos de commodities e responsáveis por grande parte da economia global. Justamente para ajudar a compreender a relevância e as particularidades desses produtos, o Blog Ourinvest listou alguns pontos e explicou como esses itens são precificados, qual a relação com o câmbio, e porque eles são fundamentais para economia do Brasil -- e do mundo. Confira a seguir.
As commodities são insumos pouco processado sou em estado bruto que possuem características semelhantes independentemente do produtor. São mercadorias de origem primária, produzidas em larga escala e utilizadas como matérias-primas. As commodities são os produtos mais exportados no mundo. Mas, além de alimentos, elas estão até no setor financeiro. Basicamente, são classificadas em:
● agrícolas: etanol, milho, café, açúcar e trigo
● ambiental: água e créditos de carbono
● mineral: ferro, minério de ferro, ouro,petróleo e gás natural
● química: soda cáustica, ácido sulfúrico esulfato de sódio
● financeiras: dólar, euro, real e títulospúblicos
● recursos energéticos: energia elétrica
As commodities agrícolas são as mais comercializadas. A primeira da lista é a soja. Minério de ferro, petróleo, açúcares e carne bovina também são itens de larga escala de exportação global e compõem a lista das principais commodities.
Esses são os produtos mais exportados no mundo, de acordo com dados da OMC (Organização Mundial do Comércio) referentes a 2021:
● soja - US$ 28,6 bilhões
● minério de ferro e seus concentrados - US$25,8 bilhões
● óleos brutos de petróleo ou de mineraisbetuminosos, crus - US$ 19,6 bilhões
● açúcares e melaços - US$ 8,8 bilhões
● carne bovina fresca, resfriada ou congelada -US$ 901 milhões
Os preços das commodities variam diariamente e são definidos pela lei de oferta e demanda. Dessa forma, quando há pouca quantidade disponível no mercado, os preços aumentam. Quando a oferta é abundante, os valores tendem a cair. Para as commodities agrícolas, como o milho e o etanol, por exemplo, os períodos de entressafra costumam fazer os preços subirem.
Além disso, os preços desses insumos também variam com base nos custos de produção e paridade de exportação. Um exemplo disso é o trigo, uma das commodities agrícolas pouco produzida no Brasil. Se há alta demanda no mercado mundial e o câmbio está em patamar alto, esse insumo se torna mais caro, pois precisa ser importado, principalmente da Argentina. Assim, os produtos que dependem dele (como pães, massas e biscoitos) têm seus preços ajustados para cima.
Os preços das commodities também são estabelecidos com base em referências da Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. Lá estão concentradas a maior parte das negociações de compra e venda de produtos agrícolas.
O Brasil é um dos maiores produtores de commodities do mundo, especialmente de produtos agrícolas. Para se ter uma ideia, as commodities são responsáveis por cerca de 60% das exportações brasileiras.
O País é considerado uma super potência agrícola no mercado mundial, sendo o segundo maior produtor de alimentos no planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos. O Brasil lidera a lista de produção de itens como açúcar, soja e café. Além disso, também é um grande produtor e exportador de algodão, milho, leite e carnes.
É importante ressaltar também a relevância das commodities minerais brasileiras, pois a descoberta de petróleo no pré-sal tornou o Brasil autossuficiente na produção de petróleo bruto e destaque no cenário internacional. Além disso, ainda na esfera mineral, o País é o segundo maior produtor mundial de ferro do mundo.
Segundo um relatório da OMC, o Brasil ampliou sua integração na economia mundial nos últimos anos, com exportações cada vez mais concentradas em commodities e importações dominadas por bens industriais.
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 8,9 bilhões em setembro de 2023, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse é o maior número para o mês na série histórica iniciada em 1989. Ou seja, o volume exportado foi maior do que o volume importado e as commodities são responsáveis por grande parte desse cenário.
No acumulado de 2023, de janeiro a setembro, as exportações totalizam US$ 1.345,79 milhões, alta de 0,4% em relação ao mesmo período de 2022. Em relação às importações, houve queda de 11,3% na mesma comparação.
À primeira vista, a notícia parece ser extremamente positiva, mas há algumas entrelinhas que devem ser avaliadas. Segundo Welber Barral, estrategista de Comércio Exterior do Banco Ourinvest, o aumento das exportações revela uma recuperação econômica do Brasil, mas, também, reflete a elevação dos preços de commodities, produtos com cotação internacional, como alimentos, petróleo e minério de ferro – dos quais o País é grande exportador.
“O Brasil continua dependente das commodities e surfa em um momento de alta dos preços que aumenta a receita. Essa alta dos preços, apesar de ser boa para a balança comercial brasileira neste momento, pode não ser sustentável no longo prazo”, explica.
O cenário de exportação segue pautado pelas commodities, uma vez que a remessa de manufaturados ainda não apresenta sinais de recuperação. “Esses produtos de maior valor agregado são fundamentais para a composição da balança comercial. No entanto, a América Latina é nosso principal destino e ainda amarga os efeitos da pandemia”, explica o executivo.
Para Barral, é fundamental apostar na diversificação de produtos e destinos para garantir um equilíbrio na balança comercial. “A gente não pode ter ilusão que o superávit é estrutural. O fato é que se cai o valor das commodities, o que costuma acontecer em ciclos de três anos, nosso saldo despenca também”, diz. Por isso, as commodities são fundamentais para a economia brasileira, mas é interessante que não sejam a única aposta.
Como explicado anteriormente, os preços das commodities são definidos pela lei de oferta e demanda e estabelecidos com base em referências da Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. O fato é que empresas que recebem pagamentos em moeda americana ficam mais expostas, já que quanto menor o valor dólar, menos dinheiro elas ganham na conversão para o real.
Por isso, exportadores de commodities costumam buscar alternativas de proteção cambial para garantir rentabilidade em seus negócios. Com mais de quatro décadas de experiência em câmbio, o Banco Ourinvest conta com um leque de soluções, como o hedge cambial, para atender essas empresas que fazem negócios além das fronteiras.
Ao contratar as variações de hedge cambial, o empresário garante a trava da moeda e consegue ter previsibilidade em seus negócios, independentemente das flutuações do mercado no tempo previsto do contrato de exportação.
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