Quais serão as cenas dos próximos capítulos?

CAUSA: Projetar a taxa de câmbio é algo complicado; projetar a taxa de câmbio no Brasil é praticamente impossível. Para quem se lembra, estávamos com um cenário mais positivo para a nossa taxa de câmbio ao longo de 2024; contudo esse quadro virou recentemente e, hoje, estamos falando de uma taxa de câmbio acima dos US$/R$5,60, maior valor observado desde o final de 2022. Mais do que isso, o real é hoje a moeda emergente que mais se desvalorizou ao longo deste ano. A percepção de piora do cenário fiscal brasileiro e, principalmente, a falta de sinalização de que há um compromisso com as contas públicas por parte do governo, têm feito o câmbio se desvalorizar muito aqui no Brasil. Claro que existem também fatores externos, dentre os quais destacamos o nível de juros da economia americana. Mas, hoje, arrisco dizer que a grande pressão no câmbio vem mesmo do cenário local.

CONSEQUÊNCIA: O impacto do câmbio pressionado nas principais variáveis econômicas é claro. Começamos pelas projeções de inflação, que já vem subindo há algum tempo e que recentemente ficaram pressionadas também por conta desse câmbio elevado. E, então, temos uma reação em cadeia, afinal, se a inflação permanecer elevada por mais tempo é provável que nossa taxa de juros também fique em patamar alto por um período mais prolongado. E, então, para essa conta fechar, as projeções de crescimento começaram a ser revisadas para baixo, vimos isso no Focus divulgado nesta semana, em que a mediana das projeções do PIB para 2025 foram revisadas ligeiramente para baixo. Por enquanto, está difícil visualizar uma melhora nesse cenário. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

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