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Michele Loureiro
O corte de gastos e a busca pela responsabilidade fiscal anunciados pelo governo federal devem desencadear uma redução de na casa dos R$ 70 bilhões nos gastos públicos ao longo dos próximos anos e impactar diversos segmentos da economia. Mas afinal, o que está em jogo para o setor privado com os anúncios?
Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank, afirma que as empresas terão efeitos nas contas com a redução prevista pelo governo e que cada setor deve enfrentar consequências diferentes. Segundo ela, o mais provável em um primeiro momento é que o setor privado vivencie uma redução na demanda por produtos e serviços.
Também é esperado que o governo faça uma redução em investimentos e infraestrutura. “As empresas que dependem diretamente de contratos públicos podem acabar sofrendo alguma perda nas receitas. E além disso, cortes mais severos podem também desacelerar a economia, afetando o consumo e o crédito”, diz.
A economista avalia que as companhias que dependem desses contratos públicos podem precisar diversificar sua base de clientes para reduzir riscos. “Alguns negócios podem enfrentar dificuldades para manter operações se os cortes forem significativos e abruptos”.
Por outro lado, em um cenário fiscal equilibrado, há benefícios de longo prazo para a economia, como um ambiente econômico mais estável, menor inflação e, consequentemente, juros mais baixos que acabam favorecendo investimentos privados em um crescimento de forma mais sustentável.
Para Cristiane, se os cortes forem bem planejados e acompanhados de reformas estruturais, que é o que se espera, isso tende a melhorar a confiança dos investidores, reduzir os juros e impulsionar o crescimento econômico de médio e longo prazo.
Sobre os possíveis impactos do corte de gastos para o setor privado, a economista defende que eles podem variar de acordo com o tipo de empresa e do setor. “ Por exemplo, caso o corte de gastos reduza a dívida pública pode haver uma melhora na percepção de risco, resultando em juros mais baixos e maior acesso ao crédito. Neste caso, empresas do setor financeiro terão que rever os planos”, afirma.
No entanto, se os cortes forem excessivos e desacelerarem a economia rapidamente pode acontecer um impacto negativo nos mercados. “Empresas de consumo e varejo podem sofrer com a redução de salário no funcionalismo ou nos benefícios, o que pode futuramente acarretar em queda de demanda e redução no consumo”, avalia.
Enquanto o mercado aguarda os desdobramentos dos cortes de gastos, há uma alta na projeção da inflação para este ano. A última edição do Boletim Focus projeta uma taxa, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na casa dos 5%, ante os 4,6% previstos no fim do ano passado.
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